
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta sexta-feira (5) que a maior parte dos investimentos da instituição financeira é destinada aos projetos da Nova Indústria Brasil (NIB). Na opinião dele, o cenário mostra a efetividade da nova estratégia do governo federal de buscar a reindustrialização do país.
Mercadante participou do Fórum Nacional da Indústria (FNI), em São Paulo, para discutir o papel do BNDES na Nova Indústria Brasil e as perspectivas para o desenvolvimento industrial em 2026. Ele afirmou que a instituição tem atuado como um promotor ativo e formulador da política da NIB e destacou a liberação dos recursos para promover a inovação, a digitalização e a descarbonização da indústria através de taxas de juros subsidiadas.
Segundo o painel do Plano Mais Produção, entre 2023 e o terceiro trimestre de 2025, o BNDES liderou os desembolsos entre os agentes financeiros parceiros, com mais de R$ 252,5 bilhões concedidos a 164 mil projetos.
“A indústria do futuro é essencialmente inovadora, mas isso envolve riscos para o empresário. Por isso, o Estado precisa atuar em conjunto com o setor produtivo com o oferecimento de linhas de crédito com taxas atrativas, foco tecnológico, apoio à descarbonização e transição energética, bem como à bioenergia e à rota tecnológica automotiva”, destacou.
Além disso, o presidente do BNDES disse que o desenvolvimento industrial também passa pelo suporte a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e o fortalecimento de setores estratégicos de exportação.
“A neoindustrialização precisa ser o coração da política econômica, pois não existe desenvolvimento sustentável se não tivermos valor agregado. E a indústria oferece isso. Com inovação, tecnologia, criação de empregos de qualidade e impulsionamento à ciência e pesquisa, a economia brasileira chegará a outro patamar”, concluiu Mercadante.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, reconheceu o trabalho proativo do BNDES no conjunto de projetos da política da NIB para reindustrializar o Brasil. No entanto, ele mencionou que o setor produtivo precisa de mais recursos e defendeu a queda da taxa básica de juros (Selic), mantida em 15% ao ano, que, segundo ele, sufoca a economia e isola o Brasil da competitividade internacional.
“Nenhum país cresce de forma sustentável e progressiva sem uma indústria forte e, para isso, precisamos pensar no médio e longo prazo. A NIB foi um pontapé nesse sentido e os setores produtivos têm buscado esse movimento para se desenvolverem, mas ainda existem gargalos como a alta dos juros”, ressaltou Alban.
Para o presidente da CNI, o cenário fiscal freia os investimentos no Brasil e encarece o consumo da população.
“Juros mais altos significam crédito mais caro para as empresas e isso inviabiliza investimentos, prejudica a criação de empregos, aumento da renda e diminui drasticamente as oportunidades de crescimento econômico e social”, disse Alban.
Também participaram da reunião o diretor de economia da CNI, Mário Sergio Telles; o superintendente de economia da CNI, Márcio Guerra; o vice-presidente executivo da CNI, Gilberto Petry; o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato; e o conselheiro emérito da CNI, Armando Monteiro Neto.
Fórum Nacional da Indústria
O Fórum Nacional da Indústria (FNI) é um órgão consultivo da CNI que se reúne periodicamente para alinhar, definir e indicar prioridades, além de orientar a ação de influência da indústria nacional. É formado por mais de 70 presidentes de associações setoriais nacionais da indústria, convidados pelo presidente da CNI, que também lidera o FNI.
