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Mobilização Empresarial pela Inovação: Impactos econômicos, investimentos em P&D e prêmio de inovação são temas de encontro

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 19 de setembro de 2025

MCTI apresentou às lideranças da MEI dados recentes que mostram que metade dos investimentos em inovação vem do setor privado. Reunião também teve lançamento do Prêmio Nacional de Inovação


Reunião da MEI aconteceu nesta sexta-feira (19/9), em São Paulo

O Brasil investiu 1,19% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em 2023, sendo metade do investimento do setor privado. O levantamento mais recente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que mostra estabilidade dos dispêndios na comparação com 2022, foi apresentado pelo secretário-executivo da pasta Luis Fernandes na reunião do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), nesta sexta-feira (19), no escritório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em São Paulo.

O percentual nos coloca bem distante de países desenvolvidos e que são referência em inovação, como Israel (6,35%), Coreia do Sul (4,96%), Estados Unidos (3,45%), Alemanha (3,11%) e China (2,58%). Olhando para os últimos 10 anos, o país atingiu maior percentual investido em 2015 (1,28%) e o menor em 2017 (1,12%).

“Temos certa estagnação nos dispêndios em P&D em relação ao PIB. Nosso papel é fomentar com instrumentos adequados e financiamento público a inovação empresarial. Esse diálogo no âmbito da MEI é fundamental para melhorar execução desses instrumentos e atender efetivamente as necessidades da indústria”, afirmou o secretário-executivo da pasta Luis Fernandes.

O representante do MCTI destacou avanços recentes, como a recomposição do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que, neste ano, alcançou maior orçamento: R$ 14,6 bilhões. Segundo o Planejamento Plurianual do FNDCT 2025-2029 apresentado pelo secretário, dos R$ 96 bilhões previstos para o fundo em cinco anos, os programas Pró-Infra (R$ 12,2 bi), Mais Inovação (R$ 60,2 bi), Conhecimento Brasil (R$ 5 bi) e Conecta e Capacita Brasil (R$ 1,5 bi) devem responder pelos maiores aportes, além de Projetos Estratégicos Nacionais (R$ 5,5 bi).

O diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes, observou que a MEI tem monitorado as políticas de inovação, especialmente as da Nova Indústria Brasil (NIB), por meio dos Grupos de Trabalho (GTs).

“Nas últimas semanas, tivemos a sanção do Projeto de Lei 847, que vai possibilitar a liberação de cerca de R$ 22 bilhões do FNDCT via crédito para projetos de inovação nas empresas; o julgamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), de onde vêm cerca de 74% dos recursos do FNDCT; e o lançamento do ReData, programa de atração de data centers. São todas políticas relevantes para o nosso setor e para a inovação”, alertou o diretor da CNI.

Diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes, e Bruno Quick, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

Impactos da inovação no ecossistema de CT&I

O diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal, e o diretor da Fraunhofer IPK, Holger Kohl, apresentaram o estudo de impacto da rede SENAI de inovação.

“Trouxemos os resultados em primeira mão, porque a rede nasceu aqui, em 2011. Os dados nos mostram a importância da continuidade em projetos estruturantes, persistência e trabalho coletivo”, pontuou Leal.

Em oito anos, a rede SENAI de inovação contribuiu com 0,66% médio anual no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. De 2012 a 2019, os 26 institutos de inovação foram responsáveis por uma adição de cerca de R$ 1 mil no PIB per capita das localizações geográficas onde sua operação foi alcançada - o PIB per capita médio no período analisado foi de R$ 52 mil.

Diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal

Um dos responsáveis pelo estudo, o diretor da Fraunhofer reconheceu o desafio de mensurar o impacto da inovação e mostrou os dados da rede alemã. A instituição, que tem quase 80 anos de trajetória e hoje é a maior rede de pesquisa aplicada da Europa, com 75 institutos, contribui para 1,6% do PIB alemão.

“Ao avaliar o impacto da rede SENAI, parabéns pelo que vocês alcançaram em pouco tempo. E não pode parar por aí. Para o futuro, esse impacto pode ser ainda maior se tiver os desenvolvimento da rede, colaboração e internacionalização, qualificação e desenvolvimento de talentos e aumento da performance e excelência, além de avaliações de impacto regularmente”, sugeriu Kohl.

Em seguida, o diretor-presidente científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Frederico de Oliveira Graeff, também apresentou os dados da instituição, que, em 30 anos, desembolsou R$ 24,9 bilhões, sendo R$ 10 bilhões em bolsas. E, de 2012 a 2025, os 39 centros de pesquisa aplicada contrataram R$ 290 milhões. “Para cada R$ 1 de recurso público desembolsado, foram aportados R$ 4,80 pelas empresas e instituições parceiras”, comparou.

Índice Global de Inovação 2025

O conselheiro da MEI, Pedro Wongtschowski, apresentou às lideranças os resultados do Índice Global de Inovação 2025, divulgado na última terça-feira (16). O Brasil ficou na 52ª posição, entre 139 países, perdendo a liderança na América Latina para o Chile e se firmando como o 5º país nas economias de renda média-alta.

“Como o índice tem dados com certa defasagem, a colocação não reflete cenário mais recente. Por exemplo, recursos da Finep nos últimos dois anos mais que dobraram, e temos o BNDES, com os recursos da NIB. Há expectativa de que Brasil melhore sua posição nos próximos índices”, ponderou Wongtschowski. 

Líderes debateram autonomia financeira do INPI

Wongstchowski também defendeu o fortalecimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Apesar de o tempo médio de análise de pedidos de patentes ter caído de quase 8 anos para 3,3 anos, as reduções orçamentárias e limitações para contratação e reposição de examinadores levam à perfomance insatisfatória da instituição, que ainda amarga cerca de 108 mil pedidos pendentes de análise (backlog).

“Tivemos um progresso, lento, mas ainda assim um progresso. O problema é orçamento e pessoal, para avaliar os pedidos. A proposta é transformar o INPI em autarquia especial para maior autonomia e recurso”, adiantou o conselheiro da MEI.

Conselheiro da MEI, Pedro Wongtschowski

Prêmio Nacional de Inovação

Bruno Quick, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), anunciou o lançamento da 9ª edição do Prêmio Nacional de Inovação (PNI). A iniciativa do movimento Juntos pela Indústria, que reúne Sistema Indústria e Sebrae, é voltada para empresas de diferentes portes do setor industrial, pequenos negócios de todos os setores, empresas incentivadas pela Lei do Bem e ecossistemas de inovação do país, além de pesquisadores.

“Hoje trabalhamos com mais de 200 ecossistemas no país, entre ICTs e aceleradoras, muitas com inovação aberta, além de 20 mil startups. Vamos mobilizar para alcançar todos”, afirmou.

Quick lembrou ainda que, em oito edições, o PNI recebeu mais de 16 mil inscrições e, que neste ano, o prêmio tem nova metodologia e novas categorias. As inscrições abrem no dia 22 de setembro de 2025.

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