
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lançado nesta quinta-feira (13), elenca 24 ações para viabilizar a nova meta global de financiamento climático (NCQG). O compromisso, aprovado na COP29 em Baku (Azerbaijão), prevê mobilizar US$ 300 bilhões por ano até 2035, com possibilidade de chegar a US$ 1,3 trilhão por ano a partir de fontes públicas, privadas, bilaterais e multilaterais.
O levantamento Nova arquitetura do financiamento climático: mobilização de recursos para a mitigação e adaptação defende a reforma da arquitetura financeira internacional, com instrumentos mais atrativos, acessíveis e de menor custo de capital. Também recomenda o fortalecimento de políticas públicas e mecanismos nacionais, como a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o Plano Clima e o programa Eco Invest Brasil.
“Para alcançar escala e impacto no financiamento climático, é preciso repensar o sistema financeiro internacional e fortalecer mecanismos que atraiam o setor privado. A CNI acredita que o fortalecimento do financiamento climático é condição essencial para a implementação efetiva das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), para a transição em direção a uma economia de baixo carbono e para a promoção de um desenvolvimento resiliente e inclusivo”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.
Embora os aportes globais venham crescendo, o estudo mostra desigualdades no acesso aos recursos. Em 2021-2022, o financiamento climático global atingiu uma média anual de US$ 1,3 trilhão – aumento de 63% em relação ao biênio anterior. No entanto, a maioria dos fluxos (89%) foi destinada à mitigação, com apenas 11% voltados à adaptação. Além disso, países menos desenvolvidos e pequenos estados insulares receberam, respectivamente, apenas 2,6% e 1% do total mobilizado.
Entre os principais entraves estão o alto custo do capital, a volatilidade cambial, o espaço fiscal limitado e a ausência de incentivos concretos para projetos climáticos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Para enfrentar esses desafios e promover maior equidade na distribuição dos recursos, a CNI estruturou 24 ações, organizadas em 11 temas prioritários. As medidas vão desde o aprimoramento de políticas climáticas nacionais até a criação de arranjos inovadores de garantia e incentivo à participação privada.
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Estudo de financiamento.pdf(7,4 MB)
Construindo caminhos
O estudo foi apresentado no painel “Construindo caminhos: a indústria e a nova arquitetura do financiamento climático”, realizado pela CNI no Pavilhão do Governo do Brasil.
Moderado por Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, o debate reuniu Rodrigo Lima, sócio-diretor da Agroícone; Cristina Fróes de Borja Reis, secretária Extraordinária do Mercado de Carbono do Ministério da Fazenda (MF); João Francisco Paiva, diretor do Departamento de Descarbonização e Finanças Verdes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Marco Antonio Ramos Caminha, consultor em Relações Institucionais do Departamento de Desenvolvimento Sustentável e do Departamento de Agronegócio da FIESP; e José Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também participaram.

Brasil: cenário promissor para captar recursos
Além de propor ações estratégicas, o estudo destaca oportunidades para o Brasil no novo cenário global. Neste ano, o Fundo Clima conta com orçamento recorde de R$ 21,2 bilhões, representando uma janela importante para financiar projetos nacionais.
No cenário internacional, o país já acessa recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), com alocação de US$ 79,83 milhões no atual ciclo, e do Fundo Verde para o Clima (GCF), que soma US$ 12,8 bilhões mobilizados globalmente.
Outra possibilidade é o fundo Alterra, lançado na COP28, em Dubai, com aporte inicial de US$ 30 bilhões. O Alterra prioriza projetos de inovação tecnológica e soluções sustentáveis voltadas à transição para uma economia de baixo carbono, com foco em startups e iniciativas escaláveis em áreas como transição energética, descarbonização industrial, economia circular e tecnologias limpas, especialmente em países emergentes como o Brasil.
Para a CNI, o sucesso da nova meta global dependerá da criação de ambientes regulatórios favoráveis, de instrumentos financeiros eficazes e, sobretudo, de incentivos concretos à mobilização do setor privado. “É esse o caminho que permitirá transformar metas ambiciosas em ações reais de impacto global”, aponta Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.
CNI na COP30
A participação da CNI na COP30 conta com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI).
Institucionalmente, a iniciativa é apoiada pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), First Abu Dhabi Bank (FAB), Sistema FIEPA, Instituto Amazônia+21, U.S. Chamber of Commerce e International Organisation of Employers (OIE).
A realização das atividades da indústria na COP30 recebe o patrocínio de Schneider Electric, JBS, Anfavea, Carbon Measures, CPFL Energia, Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Latam Airlines, MBRF, Pepsico, Suzano, Syngenta, Acelen Renováveis, Aegea, Albras Alumínio Brasileiro S.A., Ambev, Braskem, Hydro, Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Itaúsa e Vale.