O litoral norte paraibano é uma das poucas regiões do Nordeste onde a cultura indígena, sobretudo do povo Potiguara, ainda resiste, e o município de Rio Tinto, localizado nessa região, possui grande relevância histórica e cultural no que diz respeito à valorização e preservação desse legado. Pensando nisso, o SESI Paraíba promoveu no último domingo (6), através do Hotel SESI e SESI Museu Digital, a primeira de quatro oficinas culturais que buscam preservar a rica história indígena e os saberes ancestrais do povo Potiguara. As oficinas integram o projeto “Encantos de Rio Tinto: Cultura, Indústria e Identidade”, que tem como objetivo valorizar a cultura potiguara e resgatar a memória da tradição têxtil que marca a identidade do município.
Nesta primeira oficina, a artesã indígena Creuza Gomes, da Colmeia Potiguara de Rio Tinto, compartilhou com os participantes técnicas tradicionais do artesanato potiguara, utilizando palhas, sementes e fibras naturais. A atividade reuniu integrantes da comunidade local, hóspedes do hotel e visitantes, promovendo uma vivência imersiva nos saberes ancestrais e espirituais dos povos indígenas.
“Os saberes potiguaras precisam ser reconhecidos, e estamos aqui mostrando a nossa cultura para que ela se fortaleça cada vez mais. O SESI abriu esse importante espaço que nos ajuda a preservar a nossa identidade e mostrá-la para quem desconhece”, destacou a artesã.
A professora, artesã e curadora do projeto, Jakeline Potiguara, reforçou a importância do protagonismo dos povos originário dentro do projeto. “Fico feliz com essa iniciativa que o SESI traz para o município, e sobretudo porque somos nós, povo potiguara, que estamos falando sobre nossa cultura. É um reconhecimento que valoriza nossa história, nosso grafismo, espiritualidade e tradições que resistem desde antes do Brasil colônia”, ressaltou.
Além da oficina, o artista plástico indígena Marcos Paranã iniciou a pintura de uma das dez telas que farão parte da exposição final do projeto. A primeira obra, que retrata o carcará, ave símbolo da resistência potiguara, será finalizada no próximo encontro. Segundo ele, o projeto representa uma oportunidade de unir o que o processo de colonização tentou separar. “Estamos aqui, temos nossa fé, nossa arte, nossa música, e essa iniciativa do SESI vem para mostrar que o povo potiguara ainda vive e pratica a sua cultura. É uma forma de mostrar ela para o mundo”, disse o artista.
A atividade também contou com a participação ativa de visitantes e da comunidade local. Viviane Paixão, turista da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, participou da oficina e elogiou a iniciativa. “Foi uma experiência muito especial. A gente aprende não só a montar um colar, mas a importância de fazer com amor e conhecer a história de um povo que está aqui desde sempre”, disse.
O projeto Encantos de Rio Tinto segue com oficinas semanais, até o próximo dia 25 de julho, onde será promovido o último encontro sobre o contexto histórico e cultural do povo Tupi, base identitária dos Potiguara. Neste mesmo dia será realizada uma exposição com as dez telas produzidas ao longo do projeto pelo artista indígena, Marcos Paranã.
O objetivo do projeto é culminar em uma exposição imersiva no SESI Museu Digital, buscando promover o turismo sustentável e conectar o público à cultura potiguara e à memória da indústria têxtil local, dois pilares que moldam a identidade de Rio Tinto.
Texto/Colaboração | Igor Batista
